Caldas de Arêgos

Caldas de Arêgos

Friday, March 30, 2007

Marketing - I

O Verão, é, por natureza, o melhor período do ano para 'demonstrar' as Caldas de Arêgos. A temperatura é boa, não há vento, que os montes em frente à aldeia não o permite, há gente bem disposta em quase todo o lado da aldeia.

Thursday, March 29, 2007

Experiência


Uma ideia pode ser como uma ilha: Apesar de sujeita a pressão por todos os lados, está lá, tem corpo, gera vida.

Wednesday, March 28, 2007

A ideia, em traços gerais

Aldeia de Turismo Sénior: Preparar a aldeia para se tornar num polo de interesse para pessoas que acabaram a sua vida activa e pretendam VIVER a sua vida num ambiente em que as actividades de lazer estão ligadas a aspectos culturais, mantendo-as activas e em relação com uma comunidade que as faz sentir vivas e importantes.


Objectivo: Criar as condições para fixar uma clientela que, passando ela a viver em Caldas de Arêgos, promova a visita regular de familiares mais novos, que, por gostarem do que vêem e sentem, vão ser turistas ocasionais ou de fim de semana, agora, mas vão querer ser os clientes do futuro.



Projecto:

Alojamento: Reabilitar os espaços que se dedicavam ao turismo das Termas - Hotéis, Pensões e Residenciais - de modo a que os novos turistas se sintam em casa: criar apartamentos ou suites residenciais que possibilitem o aluguer por períodos alargados (prever alugueres anuais, semestrais e trimestrais), e criar novos equipamentos de raiz nas casas que as famílias de Arêgos deixaram de utilizar.

Animação:

Criar - e aqui começo a atrever-me a identificar a sua localização: na zona da Avenida das Tílias - um espaço multi-actividades, tipo FNAC, com espaço para a leitura, exposições de pintura e fotografia, um salão de chá, e uma área de fórum, que junte as pessoas de forma agradável, para ouvir um pouco de música, ver um filme, uma peça de teatro, um pouco de fado, participar em debates...

Criar uma empresa de roteiros turísticos que ofereça, a preços acessíveis, programas do tipo: viagem pelo rio Douro; roteiro queirosiano, de 'Tormes' à 'Ilustre Casa de Ramires'; visita à serra, incluindo passeios pelas aldeias mais isoladas e almoço em restaurante de gastronomia tradicional; visita ao Porto, com uma viagem de barco e outra de comboio; visita a Lamego e a Viseu; visita a quintas produtoras de Vinho do Porto; roteiro através dos elementos deixados pelos romanos na região; roteiro à volta do nascimento de Portugal, do milagre de Cárquere à relação entre D. Afonso Henriques e Egas Moniz; entre outras.

Criar as condições para a existência de espaços que promovam a formação em música, pintura, e desportos fluviais orientadas principalmente para adultos.

Criar condições, na zona da marina, para a realização de espectáculos de maior envergadura, desde a apresentação de orquestras a bandas de rock, até à exibição de peças de teatro, espectáculos de circo ou a organização de passagens de modelos.

Criar condições para a existência de um conjunto de lojas comerciais que abranjam a oferta normal para uma localidade com vida, tendo o cuidado de criar regras claras quer quanto ao número de lojas por tipo de actividade, quer em termos da utilização do espaço físico da aldeia.

Estruturas humanas:

Criar uma escola de formação com duas valências fundamentais: uma dedicada aos serviços de hotelaria e turismo, percebendo-se desde logo que a oferta turística se dirige não apenas a clientes Portugueses; uma outra dedicada à assistência na saúde a adultos, dado ser este o cliente-alvo.

Criar, eventualmente a partir da Câmara Municipal, uma entidade de coordenação da actividade da aldeia.

Estrutura física:

Manter, renovando o que está degradado, a traça original da aldeia naquilo que é o seu núcleo, criando regras para as novas construções que não venham a por em causa a noção de equilíbrio que a aldeia ainda mantém.

Ressalvo aqui que sou a favor da apresentação da nova arquitectura, e, que serão sempre benvindas peças arquitectónicas inovadoras, elas também, capazes de chamar públicos diversos.

Criar condições para a diminuição, ou a inexistência, de tráfego automóvel no interior da aldeia: criar uma variante à estrada nacional, zonas de estacionamento e um serviço de transporte entre tais parques e o centro da aldeia.

Naturalmente, o acesso à estrada actual deve ser permitido a transportes de utilidade pública, veículos de mercadorias - em horários definidos - e a residentes com cartão de acesso.

Como conseguir tudo isto:

Antes de nada, é necessário convencer as pessoas de que as Caldas de Arêgos já estiveram próximas daquilo que se pode imaginar que seria a aldeia depois da animação que descrevi atrás: de facto, nos anos 60, o Hotel Parque funcionava como catalizador de tantas actividades como as que descrevi e Arêgos vivia feliz.

Depois, é preciso dar a conhecer a sua existência aos seus potenciais clientes, bem como criar as condições para encontrar os empreendedores que lhe podem dar corpo e nela encontrem o seu rumo e a alegria de fazer.

Por fim, será necessário encontrar os meios que permitam transformar todos os sonhos e ideias em factos.

Nos próximos textos abordarei, então, a minha opinião sobre:

Marketing promocional;

Procura e 'recrutamento' de empreendedores;

Fontes de financiamento.

(Nota: se, entretanto, tiver dado com este texto e não conheça ainda as Caldas de Arêgos, convido-o/a a dar por lá uma volta, num destes dias de Primavera: espero que se apaixone!)



Ligação pessoal e familiar a Arêgos

A Casa da Torre da Lagariça, aqui representada numa das suas faces, é a última das propriedades que pertenceram à minha bisavó - Brízida Huet de Bacelar, que era quem vivia em Caldas de Arêgos e nos recebia durante 'temporadas' na sua Casa da Carreira - que ainda permanece na posse da família.
Situada a cerca de onze quilómetros da aldeia, possui uma torre árabe, construída antes de Portugal ser país - por volta do século X - e recebeu, em 1538, o foral de Capitania-mor de Arêgos.
É esta condição, e o facto de, conjuntamente com a minha Mãe e os meus quatro irmãos, ser dela co-proprietário, que me faz usá-la com símbolo para esta ideia.
Também ela precisa de reencontrar a VIDA que em tempos teve e que, acho eu como muitos outros, tanto merece.
A sua permanência na família deve-se, principalmente, ao amor por ela do meu Pai, Gonçalo Cochofel, que era, também, um apaixonado pelas Caldas de Arêgos.
Devo fazer saber, aqui, que a casa também está ligada com a cultura Portuguesa, já que foi nela e na família que se baseou o romance de Eça de Queirós 'A Ilustre Casa de Ramires'.
Julgo que a VIDA da casa estará dependente daquilo que as Caldas de Arêgos vierem a ser: um exemplo de gosto pela VIDA ou um fantasma do passado.
O que se pretende com estes textos será encontrar os argumentos que venham a possibilitar reacender as condições que fizeram da Região um símbolo de desenvolvimento e alegria.
O potencial jaz todo nas condições naturais do sítio. Falta encontrar a vontade de estudar soluções e as pôr em marcha.

Génese da Ideia




Nasci em Miramar, aqui junto ao Porto, mas, a quem me pergunta de onde sou respondo que sou de Arêgos, das Caldas de Arêgos.
Foi lá que cresci, brinquei, comecei a conhecer pessoas, de todas as classes sociais - do padre à mulher do caseiro, do industrial ao taxista -, foi lá que conheci a pobreza e a opulência, foi lá que aprendi a diferença entre servir e ser servido, foi lá que fui a primeira vez à escola.
Conheci as Caldas de Arêgos numa altura em que as termas funcionavam em pleno, três meses por ano, os Hotéis e Pensões se enchiam de turistas das mais diversas proveniências geográficas e sociais e havia sorrisos e bom humor na face de todos.
Depois veio a barragem - do Carrapatelo - e todas as transformações que causou, desde a destruição do Hotel Parque ao abandono das Termas à sua sorte. (Deve dizer-se aqui que, com o 25 de Abril, e a necessidade de alojamento de retornados das nossas ex-colónias, a aldeia serviu de porto de abrigo a muitas das famílias que, por não terem outro, ali foram alojadas temporariamente. Tal utilização diminuiu a capacidade dos alojamentos hoteleiros naquela que era a sua verdadeira vocação - servir turistas-banhistas e a falta destes, assim originada, acabou por se revelar fatal: deixou de haver capital para proceder à renovação da oferta hoteleira e, aos poucos, deixou de haver turistas.)
Mas, a influência da barragem não foi só negativa: de facto a aldeia de Caldas de Arêgos ficou ainda mais bonita, com o leito do rio a dar-lhe uma das pequenas baías mais belas que encontramos por esse rio acima, e permitindo-lhe condições para ancoragem de barcos de todos os portes o que nos trouxe até à construção de uma marina.
Vamos agora até ao ano 2000 e a um sítio tão distinto deste como próximas são as suas características globais: Acabo de ver como tinham ficado as primeiras seis casas para que tinha vendido caixilharias na Praia da Luz, Lagos, e o Cliente vem dizer-me, satisfeito, 'Luís, acabamos de vender a 1ª casa: é para uma senhora Inglesa, de 78 anos, que a quer para vir viver os últimos anos da sua vida...'.
Extraordinário: quer vir VIVER os últimos anos da sua vida, e não, como por cá tantas vezes se ouve, para morrer!
De que me lembrei então? De Arêgos, nos seus bons tempos, recheada de gente com gosto por viver, e das pessoas que hoje estão fechadas nas suas casas e que, como esta Inglesa, querem VIVER os últimos anos das suas vidas. E a ideia que então me surgiu e que só hoje começo a passar para palavras escritas foi:
Criar condições em Caldas de Arêgos para receber pessoas que aqui queiram VIVER, dando-lhes todas as condições necessárias para que a sua VIDA tenha sentido, outra vez.
Há muito trabalho pela frente, mas, como tentarei demonstrar nos próximos textos, pode muito bem vir a ser uma ideia que ganha corpo e, então, VIDA.