Caldas de Arêgos

Caldas de Arêgos

Wednesday, March 28, 2007

Génese da Ideia




Nasci em Miramar, aqui junto ao Porto, mas, a quem me pergunta de onde sou respondo que sou de Arêgos, das Caldas de Arêgos.
Foi lá que cresci, brinquei, comecei a conhecer pessoas, de todas as classes sociais - do padre à mulher do caseiro, do industrial ao taxista -, foi lá que conheci a pobreza e a opulência, foi lá que aprendi a diferença entre servir e ser servido, foi lá que fui a primeira vez à escola.
Conheci as Caldas de Arêgos numa altura em que as termas funcionavam em pleno, três meses por ano, os Hotéis e Pensões se enchiam de turistas das mais diversas proveniências geográficas e sociais e havia sorrisos e bom humor na face de todos.
Depois veio a barragem - do Carrapatelo - e todas as transformações que causou, desde a destruição do Hotel Parque ao abandono das Termas à sua sorte. (Deve dizer-se aqui que, com o 25 de Abril, e a necessidade de alojamento de retornados das nossas ex-colónias, a aldeia serviu de porto de abrigo a muitas das famílias que, por não terem outro, ali foram alojadas temporariamente. Tal utilização diminuiu a capacidade dos alojamentos hoteleiros naquela que era a sua verdadeira vocação - servir turistas-banhistas e a falta destes, assim originada, acabou por se revelar fatal: deixou de haver capital para proceder à renovação da oferta hoteleira e, aos poucos, deixou de haver turistas.)
Mas, a influência da barragem não foi só negativa: de facto a aldeia de Caldas de Arêgos ficou ainda mais bonita, com o leito do rio a dar-lhe uma das pequenas baías mais belas que encontramos por esse rio acima, e permitindo-lhe condições para ancoragem de barcos de todos os portes o que nos trouxe até à construção de uma marina.
Vamos agora até ao ano 2000 e a um sítio tão distinto deste como próximas são as suas características globais: Acabo de ver como tinham ficado as primeiras seis casas para que tinha vendido caixilharias na Praia da Luz, Lagos, e o Cliente vem dizer-me, satisfeito, 'Luís, acabamos de vender a 1ª casa: é para uma senhora Inglesa, de 78 anos, que a quer para vir viver os últimos anos da sua vida...'.
Extraordinário: quer vir VIVER os últimos anos da sua vida, e não, como por cá tantas vezes se ouve, para morrer!
De que me lembrei então? De Arêgos, nos seus bons tempos, recheada de gente com gosto por viver, e das pessoas que hoje estão fechadas nas suas casas e que, como esta Inglesa, querem VIVER os últimos anos das suas vidas. E a ideia que então me surgiu e que só hoje começo a passar para palavras escritas foi:
Criar condições em Caldas de Arêgos para receber pessoas que aqui queiram VIVER, dando-lhes todas as condições necessárias para que a sua VIDA tenha sentido, outra vez.
Há muito trabalho pela frente, mas, como tentarei demonstrar nos próximos textos, pode muito bem vir a ser uma ideia que ganha corpo e, então, VIDA.

1 comment:

cmfn said...

Fico feliz por ainda existir alguém que aprecie o campo. Assim como o Sr., tb eu tenho uma paixão muito grande por essa zona, mais em especial por S. Cipriano. Agradou-me a sua ideia e faço votos que a consiga concretizar.